Ivanda Aparecida Viana, de 57 anos, que desapareceu em 1º de junho e foi encontrada sem vida na segunda-feira (9), em uma mata em Belo Horizonte, foi morta com uma pedrada na cabeça pelo ex-companheiro, de 31 anos, na noite do último domingo (8). A relação do casal, defendida como tumultuada por familiares, durou cerca de 15 anos e foi encerrada após um enredo de chantagens, movimentações financeiras, suspeita de dopagem e agressão.

As informações sobre o caso foram divulgadas pela Polícia Civil em coletiva de imprensa no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Lagoinha, na região Noroeste de BH, nesta terça-feira (10). O trabalho de localização da vítima, cujo corpo foi encontrado sob vegetação e pedras em uma mata do bairro Nazaré, na região Nordeste, contou com o apoio da cadela Kali, do Corpo de Bombeiros. A polícia ou a investigar o caso após denúncia da família da vítima.

Corpo de vítima foi localizado em área de mata. Crédito: divulgação/Polícia Civil

O principal suspeito do caso atua em uma empresa de manutenção de aparelhos de ar condicionado. Ele faz viagens frequentes a serviço e foi preso na cidade de Santo Antônio do Amparo, na região Central. Ele está detido em um presídio de Lavras, no Sul de Minas, à espera de uma audiência de custódia. Ele deve ser transferido para a região metropolitana nos próximos dias.

Relacionamento

Segundo Alexandre Oliveira da Fonseca, delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo inquérito, Ivanda conheceu o ex-namorado quando ele tinha 15 anos e ela estava com 42 anos. Na época, o adolescente havia sido expulso de casa por suspeita de ter estuprado a própria sobrinha dele. Esse relacionamento durou até oito meses atrás, quando o rapaz manifestou desejo de não mais vê-la.

Desaparecimento

Apesar desse interesse dele em se afastarem, o ex-casal seguiu se falando, encontrando e realizando transações financeiras. Conforme as apurações policiais, em 30 de maio, Ivanda pegou um empréstimo estimado em R$ 5.000 e entregou ao homem.

"Após o desaparecimento (da mulher), iniciamos as investigações com informações da família, de que eles estavam conversando pelo celular, que ele não queria mais se relacionar com ela e começou a fazer uma chantagem emocional. De que forma? Ele exigia que ela comprasse uma moto para ele. Ainda nas conversas de celular, a família nos trouxe a informação de que, efetivamente, na sexta-feira, 30 de maio, eles estiveram em uma agência bancária e conseguiram concretizar um empréstimo. A família não sabe o valor, nós também não sabemos, já que depende do sigilo bancário, mas o valor é estimado em torno de R$ 5.000", relatou Alexandre da Fonseca. 

Assassinato

Já no domingo (1º), dia do desaparecimento, suspeito e vítima novamente se aproximaram por motivos financeiros: pela manhã, conforme a investigação, ambos se encontraram e foram até um caixa eletrônico, onde a mulher retirou entre R$ 2.000 e R$ 2.400 e reou para o homem. Na noite do mesmo dia, o suspeito foi à casa dela. Ivanda estava com amigas, mas deixou a residência para acompanhar o ex até um ponto de ônibus. A situação foi gravada por câmeras às quais a Polícia Civil teve o.

As imagens mostraram que, apesar de a mulher ter dito às colegas que iria até a parada do coletivo, ela e o ex-companheiro chamaram um carro de aplicativo e seguiram em direção ao bairro Jardim Vitória, na região Noroeste da capital. Dados de aparelhos móveis apontaram que, às 22h38, o ex-casal desembarcou em área próxima a uma mata, local onde o suspeito teria assassinado a vítima com pedradas na nuca.

"Uma pedra, uma lesão substancial, que causou praticamente uma fratura óssea extensa. Ela cai, e ele continua as agressões. A gente acredita que isso foi logo após o desembarque", completou o delegado. Depois do crime, ainda segundo a investigação, o suspeito atravessou o Anel Rodoviário a pé e pegou outro carro de aplicativo, que foi em direção à residência dele. O homem estava só. 

"Nesse exato momento, o filho da senhora Ivanda manda uma mensagem para ele perguntando onde estava a mãe e o que ele havia feito com ela. Ele responde que deixou a ex no ponto de ônibus e que estava em casa, em Betim", detalhou o policial.

Dopagem

Em depoimento à Polícia Civil, o motorista do veículo de aplicativo que levou vítima e suspeito até a área de mata afirma que a mulher estava aparentemente embriagada. A família suspeita que Ivanda tenha sido dopada, já que, segundo os parentes dela, a mulher não tinha o costume de ficar bêbada.

"Ela não interagia. Para sair do carro, precisaram retirá-la pelos pés e ombro, parecia embriagada, fato que a família achou estranho", disse o delegado.

O resultado de um exame toxicológico, com data de divulgação não prevista, pode confirmar a tese da corporação. Por enquanto, a Civil trabalha com as linhas confirmadas de que a mulher sofria violências doméstica e patrimonial.

"Era um relacionamento conturbado, com uma diferença de idade de 25 anos (a mais para ela e a menos para ele). Já houve episódio em 2020 que ele, usando a conta da Ivanda, efetuou empréstimo de R$ 13 mil, pontuado por ameaças e discussões. Ele dizia que, para retomar o relacionamento, ela teria que comprar uma moto para ele. Tudo isso resultou na prisão", detalhou a polícia.

Motivação

Por fim, a polícia acredita que a motivação do crime possa ter relação com o histórico do suspeito, que está em livramento condicional de pena por roubo.

"A própria violência doméstica nos dá a motivação, mas acreditamos que ele só encontrava com ela por dinheiro, e ela cobrava muito a presença dele no relacionamento. Ele, então, quando conseguiu o dinheiro, nós acreditamos que ela possa ter feito alguma ameaça de gerar boletim de violência doméstica, o que atrapalharia muito, poderia promover uma regressão de regime. A gente acredita que (o crime) foi um momento de explosão dele", encerrou.

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