Ao contrário de alguns de seus ministros, que mandaram “indiretas” e “diretas” ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ausente na cerimônia em Mariana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não mencionou Zema em seu discurso. A fala não deixou de ter críticas a um dos adversários, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula foi à cidade para anunciar uma série de obras e ações do governo federal na região com o dinheiro do acordo de repactuação pelo rompimento da Barragem do Feijão.
O atual chefe do Executivo federal falou que o governo anterior era o da “destruição” e “mentira”. “Eu duvido que vocês saibam, mesmo aquele que for mais bolsonarista, que diga uma obra que o Bolsonaro fez no estado de Minas Gerais. Eu não estou pedindo duas, estou pedindo uma. Uma obra”, questionou o presidente, aplaudido durante a fala.
Em seguida, fez uma série de comparações do seu governo com o do adversário. “Sabem quanto era a inflação quando pegamos este governo? As pessoas precisam saber das coisas, o preço do óleo do diesel de hoje é 22% mais barato que o óleo diesel no tempo do Bolsonaro, em dezembro de 2022”, completou.
Lula afirmou que está tentando “consertar” o país depois da gestão anterior. “Nós estamos tentando corrigir este país, muito difícil porque esse país entrou, depois da Dilma, num processo de decadência e de destruição. Tudo que a gente faz é para consertar”, avaliou.
Ministros tiram ‘casquinha’ de Zema em Minas
Apesar de não ter feito críticas a Zema, que durante a visita presidencial a Minas foi a São Paulo para uma entrevista, membros do primeiro escalão do governo Lula criticaram o governo. O secretário-geral da República, Márcio Macêdo, chamou Zema de “ingrato”. “Ele é muito ingrato. Ele deveria ir na televisão para dizer: ‘obrigado, presidente Lula, pelo o que você está fazendo pelo povo de Minas Gerais’”. A fala foi recebida com gritos de “fora Zema”.
Já o ministro da Advocacia-geral da União, Jorge Messias, recitou o poema “Janelas”, de Adélia Prado, em provocação ao governador, que em uma entrevista em 2023 a um podcast de Divinópolis, terra natal de Adélia Prado, demonstrou desconhecer a poetisa.
"Tem governante de Minas Gerais que não conhece seu povo, que não conhece Adélia Prado. Temos de honrar Adélia Prado, honrar Minas Gerais", disse Messias.
O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, criticou Zema ao dizer que a gestão de Lula construiu com a Samarco um “acordo de Estado, e não de governo”. “Não fizemos politicagem com esse dinheiro, como infelizmente, vergonhosamente e irresponsavelmente fez o governador com o dinheiro da tragédia de Brumadinho. Nossas políticas públicas vão atender exclusivamente aos anseios de justiça do Vale do Rio Doce", concluiu Silveira, em alusão à tentativa de Zema de destinar recursos do acordo de Brumadinho a outras regiões do estado, e não apenas à área atingida.