A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China atingiu um novo patamar, e o Brasil se vê, agora, diante de uma oportunidade ímpar no cenário internacional. O governo norte-americano sinalizou uma trégua estratégica de 90 dias para os países, com exceção da China, que agora a a ser taxada em 125%. 

Com seus dois maiores parceiros comerciais em rota de colisão, o Brasil deve agir com agilidade e estratégia. A trégua temporária abre espaço para reforçar sua posição como fornecedor confiável tanto para os EUA quanto para a China. Produtos agrícolas, como soja, carne e milho, além de minérios e petróleo, podem preencher lacunas deixadas por restrições mútuas entre as duas potências. Para isso, é fundamental intensificar a diplomacia comercial, ampliar acordos bilaterais e agilizar certificações sanitárias e aduaneiras. O ideal é que o Brasil mantenha as negociações para abaixar a atual tarifa de 10% imposta por Trump.

O governo brasileiro se vê diante de uma encruzilhada: pode ser coadjuvante na disputa global ou protagonista neste momento de tensão. Aproveitar a pausa tarifária e a rivalidade entre as superpotências exige visão de longo prazo, articulação política e eficiência. Além disso, é crucial diversificar os mercados de exportação para reduzir a dependência de EUA e China. Países da União Europeia, Índia e nações do Sudeste Asiático podem absorver parte da produção brasileira, garantindo maior estabilidade econômica. Para isso, o país terá que enfrentar desafios internos, como a falta de estrutura logística robusta.

No entanto, o Brasil não pode ignorar os riscos. Uma postura excessivamente oportunista pode desgastar relações diplomáticas, enquanto alinhamentos automáticos com uma das potências podem alienar a outra. A neutralidade pragmática – tradição na história das relações internacionais do Brasil – com foco em interesses econômicos, é o caminho mais seguro.