Rosana Faria de Vasconcelos Vilaça é doutora em neurociência e mestre em PNL e em psicologia da educação
Nos últimos anos, a individualização do aluno na educação tem ganhado destaque, refletindo a necessidade de atender às particularidades de cada estudante. Essa questão tem gerado polêmicas nos grupos de WhatsApp formados por pais, nos quais as discussões muitas vezes se tornam coletivas e tóxicas. Dessa maneira, é possível perceber como essa dinâmica está transformando a percepção sobre o aluno e impactando a comunidade escolar.
A individualização busca adaptar o ensino às necessidades, interesses e ritmos de aprendizagem de cada aluno. Essa abordagem reconhece que cada criança é única e que métodos pedagógicos padronizados podem não atender adequadamente a todos. No entanto, essa premissa se torna complexa quando os pais começam a discutir suas expectativas em grupos virtuais.
Os grupos de WhatsApp tornaram-se um espaço comum para pais trocarem informações e experiências sobre a educação dos filhos. Embora possam promover apoio e troca de ideias, essas interações também podem gerar uma pressão coletiva sobre os alunos e sobre os educadores. As opiniões se multiplicam rapidamente, criando um ambiente em que as vozes individuais são frequentemente sufocadas.
A coletividade tóxica surge quando as discussões nos grupos se tornam polarizadas, levando a críticas severas e julgamentos entre os pais. Essa dinâmica pode resultar em um clima hostil, no qual as preocupações legítimas se transformam em ataques pessoais ou em comparações prejudiciais. Em vez de colaborar para o bem-estar dos alunos, os pais acabam contribuindo para um ambiente negativo.
Essa situação pode ter consequências diretas na vida escolar das crianças. A pressão gerada pelas expectativas coletivas pode fazer com que os alunos sintam-se inseguros ou inadequados, prejudicando sua autoestima e motivação. A individualização proposta pela escola pode ser comprometida pela necessidade de atender às demandas do grupo, criando conflitos entre o que é melhor para o aluno e o que é esperado pelos pais.
Para reverter essa tendência tóxica, é essencial promover uma comunicação mais saudável entre os pais. Incentivar diálogos construtivos, respeitando as individualidades e focando o bem-estar das crianças, pode ajudar a transformar os grupos em espaços de apoio mútuo. Além disso, é importante que as escolas ofereçam orientações sobre como lidar com essas dinâmicas.
A transformação da individualização do aluno em uma polêmica coletiva nos grupos de WhatsApp revela desafios significativos na relação entre famílias e escolas. Ao reconhecer o impacto da coletividade tóxica, pais e educadores podem trabalhar juntos para criar um ambiente mais saudável e colaborativo, priorizando sempre o desenvolvimento integral das crianças.